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HISTÓRIA DA FREGUESIA

«A freguesia de Caria está situada no extremo sul do concelho de Moimenta da Beira, em plena serra de Leomil e a nove quilómetros da sede do Concelho. O seu orago é Nossa Senhora da Corredoura. Delimita este do vizinho município de Sernancelhe, confinando ainda com as freguesias de Peva, Ariz, Pêra Velha, Aldeia de Nacomba e Rua. É uma das maiores freguesias do concelho. Os diversos vestígios arqueológicos existentes na área da actual freguesia comprovam que o seu povoamento remonta à época pré-histórica. É o caso do povoado fortificado da Chandeirinha, que foi habitado durante a Idade do Ferro. O Tesouro de Monte Coutado data do período romano. Por baixo de uma pedreira, foram descobertas centenas de moedas de prata com a efígie de um imperador. Do mesmo período é o Tesouro de Caria. Descoberto em 1961, é constituído por dezenas de moedas de prata e alguns restos cerâmicos. Durante o período romano, Caria terá tido uma certa importância. Num morro sobranceiro aos lameiros que marca a encosta suave das margens do Rio Paiva, terá existido um habitat, o da Levada / Juncais. Muito provavelmente, está relacionado com a via romana que lhe passa no sopé, conhecida por Estrada do Bispo Alves Martins. A Necrópole do Porto data do período medieval cristão. Seria composta por cinco túmulos escavados na rocha, onde apareceram moedas e pesos. Actualmente, regista-se apenas a ocorrência de tegulae e de cerâmica comum. A Necrópole de S. Tiago foi construída no período medieval cristão. Junto à Capela de S. Tiago, há cerca de cinquenta anos atrás, foram encontradas várias ossadas e sepulturas escavadas na rocha. A Sepultura Dajoana data do mesmo período. Trata-se de uma sepultura escavada na rocha, em bom estado de conservação, orientada para ocidente. É antropomórfica. A Sepultura da Fonte do Ouro não é antropomórfica. Terá sido utilizada igualmente no período que mediou entre o fim do Império Romano e a fundação da Nacionalidade portuguesa. Tem configuração trapezoidal. A Necrópole da Laja Velha tem a mesma cronologia. É constituída por dois túmulos escavados na rocha – o primeiro ovalado e o segundo antropomórfico. De datação indeterminada é o sítio arqueológico de Poça dos Moinhos, ou Lagar de S. Paio. É constituído por uma lagareta escavada na rocha, com pio quadrangular com mais de dois metros de comprimento e de largura. Tem encaixe do sistema de prensagem do lado esquerdo e um canal de escoamento. O sítio de Lagar dos Moiros é constituído por uma lagareta, cuja cronologia também se desconhece. É constituída dois tanques – o primeiro rectangular e o segundo arredondado. No mesmo local, foi descoberta uma sepultura não-antropomórfica trapezoidal. A importância de Caria na época pré-histórica e romana, que inferimos dos achados arqueológicos apresentados, continuou nos séculos seguintes. Durante o domínio dos Godos, a vila de Caria era uma das seis matrizes que formavam o bispado de Lamego. Durante as guerras da Reconquista Cristã, no século IX, o mouro Almançor destruiu esta povoação, que ficou deserta. No inventário de 1059 dos bens do Mosteiro de Guimarães, é mencionado o Castelo de Caria, provavelmente por doação da Condessa Mumadona. Após a extinção do Mosteiro, na primeira metade do século XII, o castelo e a povoação passaram para a posse da coroa. Após a fundação da Nacionalidade, D. Afonso Henriques concedeu muitas das suas terras nesta região ao seu aio, Egas Moniz, que se tornou então senhor de grandes domínios no Douro-Sul. Entre esses domínios, encontrava-se Caria, que passaria então a constituir uma Honra – território privilegiado, imune ao poder real. Ao longo da sua história, pertenceu ao Couto de Leomil e ao Julgado de Tarouca. A igreja deve ter passado para a posse da coroa, que a doou à Universidade de Lisboa, como se pode confirmar pelo Censual Cabido de 1530: "é anexa ao studo de Lixboa", com vigário da apresentação do bispo de Lamego à qual pertencia em 1550. Caria foi vila e sede do concelho entre o século XVI e o século XIX. Em 1801, era constituído pelas freguesias da sede, Arcozelos, Carregal, Lamosa, Aldeia de Nacomba, Penso e Segões. Tinha então quase três mil habitantes. O município viria a ser extinto em 1855, transitando o seu território para o concelho de Sernancelhe. Só mais tarde, a partir de 21 de Maio de 1896, foi integrado em Moimenta da Beira, ao qual ainda hoje pertence. Nesta freguesia existiu um convento de terceiros franciscanos, fundado em 1444, e um castelo de origem castreja, do qual já só restam as suas ruínas. Actualmente existe a capela de Nossa Senhora da Guia, que é um dos locais de grande interesse turístico da freguesia e, anualmente, no início de Agosto, faz-se uma festa e romaria em sua honraA população de Caria dedica-se essencialmente à agricultura e ao comércio. A extracção e transformação de granito é também uma importante actividade económica local da freguesia.»

A atribuição do topónimo deriva, segundo a população, de uma antiga lenda; segundo reza a mesma, aqui viveu uma menina que nas festas da aldeia semeava alegria, até que um dia teve que partir para longe desta terra e, com as saudades passou a viver triste. Mais tarde a freguesia teve notícias do seu triste sofrer e os vizinhos da terra lamentavam a menina que partira e diziam: "agora, lá longe anda sempre a chorar; "cá...ria". A emoção da frase repetida, deu o nome à freguesia chamada Caria.»


Fonte: “Resumo Histórico” dos símbolos Heráldicos da Freguesia.

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